Protagonismo feminino e Simone de Beauvoir: da literatura ao cinema
No dia 24 de outubro, 7 milhões de estudantes inscritos no ENEM se depararam com o seguinte pensamento de Simone de Beauvoir: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”. A citação da autora, falecida em 1981, gerou grande repercussão negativa dos grupos mais conservadores, porém felizmente trouxe à tona o importante debate sobre o feminismo e a igualdade de direitos entre homens e mulheres, quase 70 anos após a primeira publicação de “O segundo sexo”, obra mais conhecida da filósofa e escritora francesa.
Foi justamente em obras de Simone de Beauvoir que a cineasta Lucia Murat se inspirou para escrever o roteiro de seu novo filme, “Em três atos”, que estreia nos cinemas no dia 10 de dezembro. Adaptando trechos de “La vieilesse” (A velhice) e “Une mort très douce”, nunca traduzido no Brasil, Murat cria um ensaio sobre o corpo e a palavra. Quando uma intelectual de 85 anos se defronta com o envelhecimento, ela recorda a morte de sua mãe 30 anos antes. De forma poética, “Em três atos” entrecruza dança e textos filosóficos, refletindo sobre o ciclo da vida. Com as atrizes Andréa Beltrão, Nathalia Timberg, e as bailarinas Angel Vianna e Maria Alice Poppe.
O objetivo do debate é elucidar a importância da discussão sobre o protagonismo feminino nos dias de hoje, e, mais precisamente, contrapor as vivências das quatro participantes da mesa: uma cineasta mulher que lutou contra a ditadura, influenciada pelas ideias de Simone, uma socióloga que também se engajou na luta contra a opressão à mulher nessa fase de efervescência do feminismo nos anos 60, uma acadêmica que reflete sobre a vida e obra da filósofa, e uma jovem militante das vertentes atuais do movimento.
Participantes da mesa:
Carla Rodrigues
Professora de ética do Departamento de Filosofia da UFRJ. Fez mestrado e doutorado em Filosofia na PUC-Rio e pós-doutorado no IEL/Unicamp. é pesquisadora de teoria feminista e coordenadora do laboratório Escritas – filosofia, gênero e psicanálise, no IFCS. é autora de diversos artigos sobre Simone de Beauvoir, destacando- se aqueles escritos para as revistas Serrote, do Instituto Moreira Salles, e Cult.
Heloisa Melino
Ativista feminista e pesquisadora no Laboratório de Direitos Humanos (LADIH/UFRJ). Mestra em Direitos Humanos, Sociedade & Arte pela UFRJ. é advogada ativista e atua na construção da Marcha das Vadias do Rio de Janeiro e da Ala Feminista da Marcha da Maconha do Rio de Janeiro.
Jacqueline Pitanguy
Socióloga, foi Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, em cuja condição trabalhou pela inclusão de uma pauta de direitos das mulheres na Constituição de 1988. Fundou a CEPIA, Cidadania Estudo Pesquisa Informação e Ação em 1990 e exerce sua Coordenação Executiva. A CEPIA desenvolve diversos programas voltados para a defesa das mulheres. Jacqueline integra ainda o Conselho Curador do Fundo Brasil de Direitos Humanos, o Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres, a Comissão de Cidadania e Reprodução e as organizações internacionais WLP, Mulheres em Parceria pela PAZ e Direitos Humanos e o Inter American Dialogue.
Lucia Murat Cineasta.
Seu primeiro longa, Que bom te ver viva (1988), estreou no Festival de Toronto. Entre muitos prêmios, foi escolhido melhor filme do júri oficial, do popular e da crítica no Festival de Brasília de 1989. Doces poderes (1996) estreou em 1997 no Festival de Sundance e também foi exibido no Festival de Berlim. Em 2000 lançou Brava gente brasileira. Em 2003 filmou Quase dois irmãos, que lhe rendeu inúmeros prêmios, entre eles os de melhor direção e filme latino americano pela Fipresci no Festival do Rio 2004, melhor filme no Primeiro Amazonas Film Festival e melhor filme no Festival de Mar Del Plata 2005. No Festival do Rio de 2005 estreou O olhar estrangeiro e, em 2007, Maré, nossa história de amor. Em 2008, Maré foi selecionado para a mostra Panorama do Festival de Berlim. Em 2010 filmou Uma longa viagem, o vencedor do festival de Gramado de 2011. Em 2013 lançou o filme A Memória Que Me Contam, eleito pela crítica internacional (FIPRESCI) o melhor filme do Festival Internacional de Moscou. Em 2014, o documentário A nação que não esperou por Deus. Está lançando o filme Em três atos.
Dia 26/11/2017, às 19h30, no auditório da Livraria da Travessa do Leblon (Shopping Leblon, Av. Afrânio de Melo Franco, 290).