O debate sobre a percepção da saúde como um direito de cidadania e sobre questões de gênero e poder, que perpassam a formação e a prática médica, tem sido privilegiado pela CEPIA, que considera fundamental o estabelecimento de vínculos sistemáticos com os profissionais de saúde. De fato, de sua sensibilização para tais questões depende, em grande parte, a efetiva implementação de programas e normas de saúde pelas quais o movimento de mulheres vem lutando ao longo dos anos.

Neste sentido, temos procurado levar este debate para o interior do espaço médico, atuando tanto no plano da formação como no da prática destes profissionais de saúde. Respondendo à necessidade de estabelecer articulações mais sistemáticas entre organizações da sociedade civil e entidades médicas, a CEPlA vem desenvolvendo uma série de iniciativas conjuntas com hospitais e maternidades do Rio de Janeiro, com a Secretaria Municipal de Saúde, com a Faculdade de Medicina da UFRJ e com entidades como a AMERERJ, Associação dos Médicos Residentes do Rio de Janeiro.

É neste contexto que se insere este número dos CADERNOS CEPIA, dedicado ao debate sobre práticas médicas e cidadania, que teve lugar durante o seminário organizado conjuntamente pela CEPIA e pela AMERERJ, em agosto de 1996, no Rio de Janeiro. Este seminário foi fruto do esforço conjunto de ambas instituições no sentido de estreitar laços entre associações profissionais e organizações não-governamentais, voltadas para questões de saúde. Durante o seminário foram privilegiadas as reflexões sobre aspectos da ética, formação, mercado de trabalho c profissionalização médica e, ao longo dos debates, discutiram-se questões ligadas à Medicina e sociedade, salientando as dimensões de gênero e poder. Particularmente controverso foi o debate em torno do abortamento, sugerindo a necessidade de aprofundar a discussão sobre a temática dos direitos reprodutivos com os profissionais de saúde.

Organizado por Jacqueline Pitanguy e Flávio Édler

Ano da publicação: 1997.

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