Mulheres afegãs optam pelo suicídio para escapar da violência e da brutalidade de suas vidas, é o que diz um novo Relatório de Direitos Humanos que está sendo preparado pelo Departamento de Política Externa  do Canadá. Leia abaixo o artigo:

OTTAWA – Mulheres afegãs optam pelo suicídio para escapar da violência e da brutalidade de suas vidas, é o que diz um novo Relatório de Direitos Humanos que está sendo preparado pelo Departamento de Política Externa  do Canadá.

A violência contra mulheres e meninas é comum embora tenha crescido o número de pessoas que estão atentas e condenam essa prática.

O Relatório, concluído em novembro de 2009 afirma que o auto-sacrifício tem sido utilizado, cada vez mais, por mulheres afegãs para escapar às suas terríveis circunstâncias e as mulheres constituem a maioria nos índices de suicídio. Esses índices estão aumentando comprovadamente.

O diretor da unidade de queimados de um hospital em Herat, uma pequena província do Afeganistão, relatou que em 2008 mais de 80 mulheres tentaram suicídio colocando fogo em si mesmas, a maior parte delas por volta dos 20 anos de idade. Muitas dessas mulheres morreram.

A avaliação dessa situação das mulheres afegãs foi anunciada para alertar e fomentar o debate internacional a respeito da chamada “lei de estupro” do governo afegão.

A legislação, visando o voto da minoritária comunidade xiita, legaliza o estupro dentro do casamento. Isso causou indignação no Canadá e em vários outros países.

A legislação pretendia codificar as práticas sociais e religiosas, mas a condenação internacional forçou o governo a revisar a lei. Foi decretada uma emenda à lei, embora os princípios básicos tenham sido mantidos.

A prática afegã de “defesa da honra” é citada como o maior problema que o Departamento de Política Externa do Canadá e da Comissão pelos Direitos Humanos das Nações Unidas enfrentam.

O grupo Mulheres Canadenses por Mulheres Afegãs, afirma que Ottawa deve colocar mais ênfase nessa questão, uma vez que o país se aproxima de 2011, data limite para a retirada da tropa.

Penny Christensen, tesoureira da organização, disse: “Os direitos humanos são direitos humanos por uma razão. Eles pertencem a todos e não devem ser negados a metade da população.”

A sociedade civil afegã deve ser encorajada com programas de desenvolvimento e melhoria na vida dessas mulheres.

No entanto, Christensen afirma que a Constituição Afegã apóia a participação de mulheres no parlamento afegão. Nem tudo está perdido…

Um estudo britânico, citado no relatório de Foreign Affairs, diz que 87% das mulheres afegãs reclamam de terem sido vítimas de violência, metade dessa violência foi sexual.

O relatório aponta que 60% dos casamentos são forçados e 57% dos casamentos envolvem meninas menores de 16 anos. Devido às normas sociais e à falta de acesso à justiça, mulheres raramente denunciam os abusos que sofrem, principalmente os estupros e abusos sexuais. Há poucos lugares nos quais a vítima pode ir para escapar do abuso.

Algumas mulheres, para escapar da violência doméstica, só conseguem achar abrigos em prisões, embora a criação de abrigos para mulheres em situação de violência doméstica têm sido criados em algumas partes do país. Existem apenas 19 abrigos para mulheres no Afeganistão.

O governo afegão tem sido dúbio na questão da violência doméstica. Se por um lado condena o abuso sexual, particularmente o estupro, por outro lado retrocede no julgamento de casos importantes envolvendo violência contra mulheres.

O Governo afegão criou uma polícia especial, composta por oficiais mulheres, para investigar a violência familiar e os crimes contra as crianças. Mas as oficiais só podem intervir a partir do momento em que a vítima procura a delegacia.